A questão de saber se a Argentina se qualifica como uma "economia emergente" é discutível. Em novembro passado, a empresa de pesquisa MSCI reclassificou a Argentina como uma "economia autônoma", em meio a suas dificuldades econômicas persistentes.
"Sempre fui bastante cético quanto à possibilidade de a Argentina aderir, mas as mudanças no cenário internacional podem tornar isso possível", avalia Actis. "Somado a isso, há o apoio do Brasil e do governo Bolsonaro, anteriormente relutante em expandir o bloco".
Fontes diplomáticas disseram à Télam, agência estatal de notícias da Argentina, que o processo de adesão será "longo", mas que o governo já havia recebido apoios não oficiais de Brasil, China e Índia. Acrescentar um novo país aos Brics requer consenso de todos os membros, o que torna o processo ainda mais complexo.
O grupo dos Brics foi formado em 2009 como um fórum para a cooperação política, econômica e comercial entre os países-membros, com o objetivo de equilibrar a influência de organizações financeiras e comerciais internacionais lideradas por países ocidentais, especialmente os Estados Unidos.
À época em que foi criado, diante de um boom de commodities e da crise financeira nas maiores economias do mundo, os Brics se posicionaram como uma força notável em nível global, com potencial de mudar a atual ordem mundial.
Entretanto, o ceticismo em relação ao progresso do bloco e seu significado como um grupo predominam, com até mesmo seus apoiadores mais entusiastas questionando a falta de progresso ou coordenação em políticas substantivas. Apesar disso, o grupo ainda consegue se manter unido.
Para Julieta Zelicovich, doutora em relações internacionais, a heterogeneidade do bloco torna difícil sua ampliação. Embora a China e o Brasil possam concordar com a adesão da Argentina por causa de seus interesses com o país, o mesmo não se aplica para a África do Sul, Índia ou Rússia, que têm poucos incentivos claros para expandir o bloco, avalia.
Em busca de financiamento para infraestrutura
Uma possibilidade mais factível para a Argentina seria aderir ao Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), ou o Banco dos Brics, como é conhecido, já que não é necessário fazer parte do bloco para se filiar. Uruguai, Emirados Árabes Unidos e Bangladesh são os membros mais recentes do NDB.
"O NDB seria um espaço interessante para a Argentina e está alinhado com a ideia do governo [argentino] de participar de organizações financeiras alternativas", disse Zelicovich.
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