A pandemia de Covid-19 arrastou as classes médias da América Latina e do Caribe para estratos mais baixos, mas a situação poderia ser pelo menos duas vezes pior sem o “efeito brasileiro”, como o Banco Mundial o descreveu.
Em 2020, mais de 4,7 milhões de latino-americanos que pertenciam à classe média passaram à vulnerabilidade devido às consequências econômicas da pandemia, segundo o Banco Mundial. Sem o programa de transferência de dinheiro estipulado no Brasil, conhecido como auxílio emergencial, esse número chegaria a 12 milhões de pessoas na região.
Se considerarmos as pessoas que atravessaram a linha da pobreza, segundo a definição do Banco Mundial, o impacto da medida de auxílio no Brasil fica ainda mais evidente. Surpreendentemente, a pobreza na América Latina e no Caribe diminuiu em 2020. De acordo com o Banco, pelo menos 400 mil pessoas entraram na faixa renda que qualifica como pobreza na região. Mas sem o auxílio emergencial no Brasil, o Banco estima que 20 milhões de latino-americanos teriam caído na pobreza no ano passado.
No final de março de 2020, o Senado aprovou uma renda básica de R$ 600 (mais ou menos US$ 115 na época) para trabalhadores informais ou autônomos, microempresários individuais e desempregados, entre outros. O presidente Jair Bolsonaro foi inicialmente contra a medida e quando a aceitou, sob pressão da oposição, tentou limitar o valor a R$ 200, ou algo como US$ 40, por três meses não prorrogáveis. Em meio a críticas crescentes de sua pavorosa gestão da pandemia, Bolsonaro aprovou a medida, e os valores começaram a ser transferidos em abril do ano passado. Foram cinco parcelas de R$ 600, seguidas de outras quatro de R$ 300 reais durante o ano.
Até novembro de 2020, o governo havia pago R$ 250 bilhões a mais de 68 milhões de brasileiros, de acordo com a página do governo federal. De forma direta ou indireta, a ajuda atingiu metade dos 213 milhões de brasileiros. O valor representou pouco menos de 50% dos gastos que o país teve com o enfrentamento da pandemia até dezembro, segundo a página do Senado. O benefício ainda está em vigor, mas com valores reduzidos de uma média de R$ 250.
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