Rodrigo Botero, diretor da Fundação para a Conservação e Desenvolvimento Sustentável (FCDS), fez inúmeros apelos em suas redes sociais alertando sobre o excepcional número de incêndios na Amazônia colombiana.
Somente no mês de janeiro, mais de 1,2 mil alertas de incêndio nos biomas amazônicos foram registrados pela Global Forest Watch, organização que monitora incêndios em áreas florestais. Isso significa um aumento de 75% em relação ao mesmo mês do ano anterior, quando a organização registrou 280 alertas.
Os incêndios se devem a queimadas iniciadas por grileiros, máfias e grupos armados, afirma. Botero, que periodicamente faz sobrevoos para registrar o estado do ecossistema, publicou imagens em suas redes sociais que mostram grandes buracos nas camadas da floresta. O avanço das chamas já atingiu o Parque Natural Nacional Chiribiquete, o maior da Colômbia, declarado patrimônio cultural e natural da humanidade.
O Chiribiquete, além de albergar ecossistemas privilegiados como tepuis e pinturas rupestres de valor incalculável, possui centenas de estradas construídas pelas FARC antes da assinatura do Acordo de Paz entre as florestas que se estendem por mais de meio milhão de hectares. Neste paraíso natural, cerca de 2,3 mil hectares de floresta já foram queimados, de um total de 15 mil, no departamento de Guaviare, onde Rohymand Giovanny Garcés, prefeito do departamento, declarou alerta vermelho em 4 de fevereiro.
Soma-se à situação atual as vozes de organizações da sociedade civil e comunidades camponesas e indígenas que culpam também o desmatamento persistente na região, e não apenas as distorções climáticas.
A Colômbia é um país bimodal, ou seja, tem duas estações secas e duas estações chuvosas ao longo do ano. No entanto, a dinâmica dessas estações se tornou mais extrema nos últimos anos, com chuvas inusitadamente torrenciais e secas prolongadas.
Os incêndios atuais, no entanto, não estão diretamente associados à estação seca que começou em dezembro de 2021, mas às inúmeras queimadas que ocorreram durante o último trimestre do ano. Em seu último boletim de detecção de desmatamento, o Instituto de Hidrologia, Meteorologia e Estudos Ambientais (IDEAM) afirmou que a Amazônia colombiana foi a região com mais relatos de desmatamento em 2021, com 38,6%.
A situação é crítica. Desde o início do ano, houve apenas um dia de chuva na Amazônia diante de temperaturas entre 33°C e 37°C. Ambientalistas vêm chamando a atenção do governo para o impacto dessa situação nas queimadas, que muitas vezes saem do controle e causam grandes incêndios e desmatamentos.
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