Além disso, quando comparado com a consulta popular de 1º de agosto de 2021, que questionou os cidadãos sobre a possibilidade de processar ex-presidentes do país, o referendo recente mostra que a participação dos mexicanos neste tipo de exercício democrático está aumentando: passou de 8% naquela ocasião para cerca de 18% em 10 de abril. Isso indicaria que os cidadãos mexicanos estão abraçando cada vez mais essas ferramentas, o que pode resultar em um fortalecimento da democracia.
Mas, por outro lado, o referendo de revogação pode deteriorar ainda mais a democracia mexicana. Apesar de impedido por lei de participar abertamente da política eleitoral, López Obrador foi a figura mais visível da campanha para convocar os mexicanos às urnas, além de ter contado com o apoio público de outras lideranças locais em exercício, como a chefe de governo da Cidade do México, Claudia Sheinbaum, que também está proibida desse tipo de proselitismo político.
Da mesma forma, a democracia mexicana também se vê enfraquecida pela campanha de difamação de López Obrador contra o Instituto Nacional Eleitoral (INE), que acusou de tentar boicotar o referendo e apontou como responsável pela baixa participação eleitoral, apesar de que foi o governo que desembolsou recursos abaixo do necessário para a realização desse tipo de processo.
O INE tornou-se mais um antagonista no discurso de López Obrador, com o qual quer mostrar-se um homem do povo perseguido pelos poderes políticos tradicionais. E nunca será saudável para uma democracia que o Executivo deslegitime o processo eleitoral de seu próprio país.
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