Na Colômbia, por exemplo, a pulverização aérea de plantações ilícitas de coca é cara e aliena as comunidades rurais. No entanto, os esforços de erradicação da coca podem desempenhar um papel importante como parte de uma estratégia mais ampla para resolver o problema, se combinados com 'incentivos positivos', como a construção de estradas e maiores oportunidades agroindustriais para ajudar os produtores na transição para a economia legal.
“Não podemos controlar a oferta de drogas perigosas sem também reduzir a demanda e não podemos diminuir a demanda sem também limitar a oferta”, afirma o relatório.
Em segundo lugar, as ações de boa-fé coordenadas pelos Estados Unidos, como sugerido pelo relatório, são geralmente positivas, conforme demonstram os bons resultados do trabalho de coordenação em andamento. Apesar de muitas deficiências, trabalhar junto com os Estados Unidos levou a uma reforma legítima da justiça criminal e a uma recuperação econômica da qual outros países poderiam se beneficiar.
No México, por exemplo, a Iniciativa Mérida parece ter ajudado a reduzir as taxas de homicídio como resultado de uma reforma da polícia apoiada pelos EUA, como indica o relatório. A aplicação de estratégias semelhantes – melhoradas com base em erros anteriores – pode ser construtiva se forem concebidas de acordo com as necessidades específicas e o contexto sociopolítico de cada país. No mínimo, isso seria mais lucrativo do que muitos dos esforços atuais.
Finalmente, a decisão do relatório de questionar a eficácia do processo de certificação e classificação em questões de drogas poderia criar uma mudança profunda na luta internacional contra o tráfico de drogas. Incluir um país na lista dos que “fracassaram” pode parecer uma ameaça e dificulta desnecessariamente as relações com países que já são frágeis. Também faz os Estados Unidos parecerem insensíveis às necessidades da região, interessados apenas em manter o controle do cenário político.
Talvez o melhor exemplo deste último seja a Bolívia, que aparece na lista todos os anos desde 2008, quando o ex-presidente Evo Morales exilou o embaixador americano e expulsou a Administração de Controle de Drogas (DEA) dos Estados Unidos.
Enquanto os Estados Unidos tinham e têm motivos para duvidar da gestão do cultivo da coca no país, como a implementação de um mercado legal de coca em nível nacional, sua decisão de incluir a Bolívia na lista em um momento em que o Peru e a Colômbia produzia muito mais coca foi tida como algo politicamente motivado, e aumentou ainda mais a distância entre os dois países.
Este artigo foi originalmente publicado em InSightCrime. Leia o original aqui.
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