Honduras mantém há muito tempo laços com Taiwan, que muitas vezes fez contribuições generosas para a nação centro-americana. Segundo a Reuters, Taiwan já emprestou mais de US$ 205 milhões à nação hondurenha desde 2006 e enviou mais US$ 27 milhões em doações.
Nicarágua, Honduras e Guatemala também receberam US$ 200 mil cada de Taiwan após terem sido devastados pelo furacão Eta em 2020. Enquanto isso, a China Continental tem mantido relações comerciais com Honduras, tornando-se um de seus principais parceiros, embora o volume de importações e exportações ainda seja muito inferior ao dos EUA.
"Creio que temos uma responsabilidade [com Taiwan], com quem temos um bom relacionamento", disse Rodolfo Pastor, assessor de política externa da presidente eleita. "Mas acredito que também temos a responsabilidade para com nossa própria população de sermos realistas, pragmáticos e entendermos que a China Continental desempenha hoje um papel determinante que não podemos ignorar".
A decisão da nova administração hondurenha poderia, em última instância, se resumir à economia. Quanto mais ajuda e apoio financeiro o país receber dos EUA — que deixou claro que espera não haver uma mudança de lado —, menor é a probabilidade de que Honduras faça uma mudança.
Nos últimos 15 anos, Panamá, República Dominicana, Costa Rica e El Salvador trocaram de lado sem sofrer retaliação econômica dos EUA. Esta semana, a Nicarágua se tornou a última nação latino-americana a fazê-lo. Apesar de o Departamento de Estado norte-americano ter condenado a decisão — e descrito as recentes eleições como uma "farsa" —, ainda não se notam quaisquer implicações para as relações econômicas EUA-Nicarágua.
A cooperação com a China Continental proporcionou, em muitos casos, ganhos políticos aos líderes locais. Quando houve escassez de vacinas para a Covid-19, El Salvador ficou à frente do resto da América Central nas taxas de vacinação graças, em parte, às vacinas adquiridas com Beijing. O então presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández — que se apresentou como um aliado fiel de Taiwan — queixou-se quando seu país ficou para trás.
Embora esteja em andamento uma recontagem de votos das eleições parlamentares por alegações de fraude, Castro assumirá o poder em janeiro em meio a uma profunda crise econômica em Honduras. Com os impactos da pandemia e de furacões que assolaram o país, mais de 55% dos hondurenhos estão abaixo da linha de pobreza, segundo dados do Banco Mundial — uma das taxas mais altas em quatro décadas. Ao mesmo tempo, o país está extremamente endividado e carece de estímulos — como o de financiamentos chineses para megaprojetos na América Latina.
"Temos que resolver sérios problemas energéticos e acredito que a China pode desempenhar um papel positivo nesse sentido", disse Pastor.
O alto custo da energia em Honduras é uma das queixas mais comuns da população, com a empresa nacional de energia à beira de um colapso econômico. Os efeitos das mudanças climáticas, como os furacões que causaram inundações em 2020 e as secas prolongadas de anos anteriores, também evidenciaram a necessidade de se construir novas barragens e reservatórios d’água.
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